~ MISSÃO (1/3) - Kya Dafir ~ The wolfs

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O dever de Kya Dafir é intervir para que não haja guerra entre as matilhas.

Se concordar com os Lutters e achar necessária a morte de Alika, deve matá-la de forma que os Gingers não acreditem ter sido uma afronta dos Lutters.
Se concordar com os Gingers, deve proteger Alika e levá-la a um lugar seguro.
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Se necessárias mais informações, pode procurar os líderes e, inclusive, tentar argumentar com eles para impedir a guerra.

The Wolfs

Kya acabara de chegar à Irlanda, trazendo nada mais do que uma mochila de acampamento nas costas. Era época de Lua Minguante, o que indicava que os Dias Escuros já estavam próximos, o que a deixava ligeiramente tensa. Não apenas porque quando Selene desaparecia do céu os infortúnios costumavam aparecer em sua frente, mas também a falta de carne deixava seu animal interior sedento de sangue.

Caminhando sem rumo pelo vilarejo, passava nas mãos os papéis onde o e-mail que a convocara foram impressos. Franzia o nariz ocasionalmente com as informações, emitindo um rosnado baixo. A situação era deveras complexa. De um lado, havia a lei e a ordem, que claramente indicavam que Alika deveria ser morta de modo que a balança entre os Lutters e os Gingers se mantivesse equilibrada. Mas por outro lado, será que valia a pena sacrificar uma vida humana que já havia sido suficientemente punida ao matar o amor de sua vida? Essas questões morais a deixavam irritada. Era como trazer seu lado "menininha" de volta, um lado que ela desprezava.

A lobisomem sacudiu a cabeça, dobrou os papéis novamente e os guardou no bolso lateral das calças caqui. Ler e reler informações era importante, mas apenas isso não solucionaria o caso. O melhor que poderia fazer era entrar em contato com os dois Lupinos e saber mais sobre o caso, antes de procurar a garota. “Seja para esconder ou para matar a humana.” Pensou.

Seria sim cansativo discutir com outros indivíduos de sua espécie, mas era seu dever fazê-lo. Dirigiu-se até a moradia de Erik, da matilha dos Gingers. Era melhor começar por algum lugar, e seria mais fácil lidar com um Lupo della Luna como ela primeiro.

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Código:

Kya podia encontrá-lo sentado na varanda da casa cujo endereço ela conhecia. Ele estava sentado em uma cadeira de madeira branca, com os pés apoiados no cercado branco de madeira  que envolvia a casa e as mãos no bolso, tremendo como quem tem um tique e tenta controlar.

Como instinto, a lobisomem postou-se na sua posição de ataque, mostrando seus caninos, pronta para fazer um movimento caso o outro decidisse atacá-la. Porém, Kya logo retomou a cosciência: ele não era um inimigo- não por enquanto.

Retornou a se postar ereta e cruzou os braços. Encarou seriamente o rapaz, que ela pode inferir que era realmente Erik:

-Estou reunindo um dossiê para meus superiores sobre o caso. - ela mentiu, sabendo que havia a possibilidade dela resolver apoiar os Lutters em sua causa. - Se o lobinho se comportar e com calma me explicar o caso, pode ser que eles tomem partido em sua causa e ajudem sua Alcatéia caso uma guerra estoure.

Erik estava desconfiado e muito irritado.
- Ele estava zangado por que eu havia contado tudo para ela, tivemos uma briga horrível, ela ficou com medo e queria nos separar. Mas como ela poderia? Uma humana separar dois lobos de raças distintas? Eu senti o pavor do rosto dela, ela chorava acuada. Ela estava tão... Tão desesperada que faria qualquer coisa, não conseguia distinguir quem eu era ou quem era o Petter e eu falei para ela pegar uma adaga de prata que costumo carregar na mochila, disse que ela precisava se proteger se algo desse errado. Conheço um lupos di sangue, eles não pensam direito.
Mas Petter pulou na frente dela e se controlou de alguma forma, ele... Não sei como fez isso, ele pulou para cima dela e de repente estava na forma humana, queria protegê-la, eu acho. Como eu iria saber? - Erik suspirou, como se um peso estivesse rolando dos seus ombros para o chão. - Eu gritei que ele iria matá-la e ela fechou os olhos e empunhou a adaga, Não houve tempo de Petter desviar, ela acertou o estômago da forma humana dele e ele caiu no chão agonizando. Ele começou a voltar a sua forma de lobo, mas eu não suportei ao ouvir ela dizer que deveria ter sido eu, que ele era obrigado a viver... Ela implorando que ele ficasse vivo... Eu fugi.
Então o rapaz chutou uma pedra grande do jardim que parou metros adiante dos dois.
- Acho melhor você ir embora, é tudo o que sei. Vá embora! - A raiva tocou o rosto dele outra vez e qualquer um podia perceber que era hora de ir.

Kya ouviu a história atenciosa, assentindo ocasionalmente. Ela percebeu que pelo nervosismo do outro, provavelmente ele estava mais relembrando os acontecimentos do que propriamente narrando o que sabia.

- Obrigada pelas informações. - ela disse simplesmente. Virou as costas para o homem e, olhando para os lados para não ser seguida, foi até o centro do vilarejo.

Aquela era uma forma de despistar o Ginger e de repassar as informações em sua cabeça. Pelo que tinha entendido, aconteceu alguma coisa que Petter não queria que Alika soubesse, e Erik contou para a moça. "Aí os dois brigaram na frente dela. Ela queria separá-los. Erik pediu que ela se armasse de uma adaga de prata caso algo saísse do controle." Nessa parte, a história ficava um pouco confusa. Segundo o narrador, Petter pulou na frente de Alika na forma humana e ela o atacou. " Ela começou a dizer que a vítima era para ter sido Erik, não Petter. E aí ele fugiu.Essa história está muito mal contada."

Depois de averiguar que não estava sendo seguida por Erik, rumou em direção ao endereço do Lupos di Sangue de nome Ash, o irmão da vítima. Caminhava atenta, para garantir que não estava sendo de forma alguma seguida, esgueirando-se pelas sombrtas das ruelas. Chegaria ao seu destino e completaria as peças do quebra-cabeça.

Ash tremeu violentamente, e soltou a garota.
- Não sei muita coisa, Essa garota é só um estopim... Eles queriam nos provocar, queriam que o Petter matasse ela, ele me disse isso antes de morrer. Ele falou que estava preocupado e queria contar sobre a matilha para ela, pediu permissão e estávamos julgando o caso. Mas ele foi para a casa dela e foi morto! Não sei o que houve... Sei que ela o matou, ela o enterrou e ela chorou no túmulo dele... Sei disso por que ouvi dela, fui até onde ela o enterrou, quando eu soube. Iria matá-la, claro! mas haviam vários Ginger e eles me prenderam com umas correntes revestidas de couro nas pontas, usar uma arma que pode te matar, para matar outro... Inteligente. Ela estava com o rosto inchado de chorar, implorou para me soltarem e eu tentei mordê-la, mas estava fora do alcance. Ela me contou que não sabia que era ele, que achou que fosse morrer e segurou a adaga que o amiguinho dela tinha mandado, ela disse que tava com medo, mas nunca mataria ele, nunca faria nada de mal. Ela choramingou e choramingou e não me importa se teve intenção ou não, ela estará morta até amanhã. Queiram ou não queiram os Gingers. Vá falar com seus superiores, seja qual for a intenção deles, nós faremos o que devemos para honrar o Petter.

Alika estava viva, respirando, coração batendo... Mas a vida dela, a vida em si, parecia ter se esvaído, fugido junto com Petter para debaixo da terra. A garota estava sentada numa cadeira de balanço feita de plástico amarelo, na frente da pequena casa em que morava. Ela olhou para Kya como se já soubesse quem ela era e o que faria ali, estava fadada ao seu próprio destino e não se queixava da morte, só queria descansar toda aquela dor sem que houvesse mais sangue derramado. A vida não tinha mais valor, estava mesmo enterrada com a carcaça de um lobisomem lupos di sangue.
- Oi. - A voz vazia de Alika ecoou. - Eu sei o que você veio fazer, eu não quero resistir, se houver um céu, talvez eu vá com ele. Não é possível? Como eu saberia que não era o Erik, ele estava tão sem controle... Estava tão mal, mas eu sei que o Petter só estava zangado, mesmo.